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Por trás da marca

Atenção senhoras e senhores, põe a mão no chão hoje é dia de Cayo no blog!

Tira o cachorro do colo, desliga o telefone da empresa que resolvi trazer um post diferente pro blog. Vou contar pra vocês a história da Zara! Eu já era super fã, quando descobri todo o sistema que a envolve fiquei mais apaixonado ainda. Foi uma decepção sem fim descobrir aqueles escândalos de trabalho escravo e infantil – isso diminuiu minhas compras por lá – mas os sistema deles merece atenção, pois pra mim é a fast fashion mais bem organizada do mundo.

A história começou quando o empreendedor espanhol Amâncio Ortega Gaona largou os estudos aos 14 anos para começar a trabalhar como garoto de recados da camisaria La Gala, responsável por vestir a elite da cidade de La Coruña. Treze anos depois, ele arriscou seu primeiro passo como empresário na área têxtil, trabalhando com a família dentro de um galpão mal iluminado confeccionando roupões de banho e roupas íntimas femininas. Em uma década ele construiu várias fábricas pela Espanha e exportava suas roupas para vários países europeus. Em meados da década de 70, juntamente com sua mulher, Rosalía Mera Goyenechea, ele resolveu ingressar no mercado de varejo, inaugurando a primeira loja ZARA, um modesto estabelecimento que vendia roupas femininas à preços acessíveis, no dia 15 de maio de 1975 na cidade de La Coruña, localizada na província de Galícia, ao norte da Espanha. O nome escolhido inicialmente para o novo negócio seria Zorba, mas este já estava registrado, e ZARA foi adotado como segunda opção.

O sucesso da loja foi tão grande que em menos de 10 anos outras unidades foram inauguradas em grandes cidades espanholas. Nesta época as lojas já vendiam coleção de roupas femininas e masculinas alinhadas com as principais tendências mundiais, literalmente abrindo o mundo da alta costura às classes sociais menos endinheiradas. Isto porque a empresa começou à mudar o processo de design, fabricação e distribuição com o objetivo de reduzir o tempo de produção, e assim responder rapidamente ás novas tendências, o que chamava de moda instantânea. A empresa foi crescendo silenciosamente, afastada da publicidade, até que na década de 80 começou sua expansão internacional, inundando o mercado com roupas de design moderno e preços acessíveis.

O quartel-general do império ocupa uma área construída de 600.000 metros quadrados em Arteixo, cidade da província de La Coruña. São 16 fábricas ligadas ao centro logístico por dois túneis e 210 quilômetros de trilhos, por onde transitam as roupas acabadas para serem distribuídas. Hoje em dia, a ZARA possui 200 funcionários só em seu time de criação, para conseguir responder imediatamente cada tendência que surge na moda. Estes profissionais cruzam informações com as demandas de cada gerente de loja e com os conselhos dos comerciantes. Tóquio é sua cidade favorita para inspiração e para prever novas tendências. O resultado é quase instantâneo: enquanto as outras lojas levam em torno de cinco meses para colocar uma nova coleção em exposição, a ZARA transforma a última tendência em roupas prontas em apenas quinze dias – e a um preço bem acessível, se comparado às lojas do mesmo patamar de conceito fashion. A empresa revolucionou o setor têxtil quando teve a brilhante idéia de lançar uma variedade de coleções a cada temporada, em vez das duas tradicionais coleções ao ano

São novos artigos nas prateleiras duas vezes por semana. Todos os anos são mais de 11 mil novos itens colocados a disposição dos consumidores, uma média de 40 novos produtos por dia, sendo que cada item é produzido em pequena escala e somente reproduzido se obtiver sucesso nas vendas. Do contrário, é tirado da coleção. Um dos segredos está na logística: a ZARA consegue distribuir produtos um dia depois após o pedido ter sido feito pelas lojas da Europa, e dois dias depois no caso das unidades da Ásia e do continente americano (incluindo o Brasil). E não existem diferenças entre as linhas vendidas em cada um dos lugares – apesar das diferenças culturais, parece que a moda já é globalizada – pelo menos para os clientes da ZARA. Mas, para que este sistema seja rentável, demanda-se o maior volume possível, motivo pelo qual suas lojas estão situadas em locais estratégicos que contam com mercadorias novas a cada semana, o que lhes permite ter um tráfego constante de clientes. Os clientes da ZARA visitam as vitrines e prateleiras dezessete vezes ao ano em média, em contraste às quatro visitas feitas à concorrência. É por isso que suas vitrines, renovadas a cada duas semanas, são grandes e chamativas, mostrando as mercadorias como se fossem estrelas.

Provavelmente, um dos grandes trunfos da empresa tenha sido se tornar famosa sem ter que recorrer à publicidade tradicional. A ZARA quase nunca faz anúncios ou campanhas publicitárias. Todo seu marketing está centrado nas próprias lojas. Por isso, sempre se instala nos melhores lugares, situados estrategicamente nas ruas ou centros mais comerciais, como por exemplo, a Regent Street em Londres, Rue Rivoli em Paris, Quinta Avenida em Nova York e Avenida das Américas no Rio de Janeiro. Tudo é estudado, nos mínimos detalhes. A decoração da loja, as vitrines, os funcionários. Nada é deixado ao acaso. Apesar disso, em ocasiões concretas foram feitas campanhas publicitárias. Para ingressar no mercado italiano a ZARA fez publicidade. Mas logo se viu que ela não teria feito falta alguma. Os consumidores, especialmente as mulheres, são fiéis apenas às marcas de luxo, mas não às medianas ou populares. Por isso, que sentido faz investir na marca? É melhor investir no negócio, segunda a empresa espanhola.

Gostaram?

Beijos,

Cayo Vinícius

 

 

 

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